quarta-feira, 20 de abril de 2011

Prefeitura luta para tornar a descaracterização do Mercado do Cruzeiro uma realidade.

PBH dá aval a megaprojeto que divide a comunidade do Bairro Cruzeiro


Proposta de erguer megaempreendimento na área hoje ocupada pelo Mercado do Cruzeiro opõe associações de moradores. Entidade promete liderar campanha de combate à iniciativa
Flávia Ayer -

Publicação: 20/04/2011 06:00 Atualização: 20/04/2011 11:57

Líderes comunitários estão divididos quanto ao impacto da estrutura, que deve estar pronta até 2014. Prefeitura de BH apoia ideia.

Depois de quase um ano de análises, a Prefeitura de Belo Horizonte decidiu adotar o polêmico projeto que transforma o Mercado Distrital do Cruzeiro em empreendimento com dois hotéis, centro comercial e gastronômico, 1,9 mil vagas de estacionamento e espaço para os atuais feirantes. A licitação da proposta, apresentada por consórcio formado por uma empresa de engenharia, uma universidade e duas associações, está prevista para julho. O grupo foi o único a responder a procedimento de manifestação de interesse (PMI) aberto em junho pelo Executivo, com o objetivo de viabilizar a revitalização do mercado do Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul.
A estratégia é, a partir de uma parceria público-privada (PPP), e sem usar verba municipal, dar cara nova ao estabelecimento, considerado decadente pela prefeitura. Apesar da falta de opção e de críticas ferrenhas de moradores e do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, responsável por coordenar as PPP’s, julgou o projeto adequado. Na avaliação de seus técnicos, ele solucionaria três problemas identificados no endereço nobre de BH: risco de extinção do mercado; baixa frequência do Parque Municipal Amílcar Vianna Martins, vizinho ao centro de compras; e o trânsito caótico, causado, principalmente, pelo movimento em torno da Universidade Fumec, situada no mesmo quarteirão.
“A solução atende a 100% de nossas exigências e propõe a construção de dois hotéis e um centro de convenções. Isso o torna mais alinhado aos interesses da prefeitura frente ao déficit de leitos na capital e à Copa de 2014”, diz o secretário municipal de Desenvolvimento, Marcello Faulhaber. Seguro de que o público do mercado aumentará e imóveis da região serão valorizados, ele afirma que não há interesse em investir verba pública na obra: “Acreditamos que os investimentos devem ser voltados para o social. O mercado é uma área em que é possível buscar empreendedores”. Segundo ele, a PPP é a possibilidade de o Distrital do Cruzeiro traçar um caminho diferente daqueles tomados pelos mercados da Barroca, na Região Oeste, e de Santa Tereza, na Região Leste e mantenha a função de abastecimento.
A licitação está prevista para julho e o cronograma estabelece a conclusão das obras em 2014, antes da Copa do Mundo de futebol. Com arquitetura futurista, considerada “megalomaníaca” por alguns moradores e urbanistas, e orçado em R$ 200 milhões, o projeto prevê um complexo de nove andares, se incluídos os pavimentos no subsolo, com dois hotéis (387 apartamentos), estacionamento para 1,9 mil veículos, área de eventos e convenções, além de cerca de 60 lojas. O mirante, atualmente no parque Amilcar Martins, será transferido para o topo de um dos hotéis e continuará aberto ao público. O acesso à área será por passarela com um orquidário, que ligará o parque ao mercado, e por um elevador panorâmico.
Assinado pelo arquiteto Éolo Maia (1942-2002), o antigo mercado, fundado há 36 anos em área de 7 mil metros quadrados, desaparecerá e os permissionários terão espaço garantido na nova construção até o vencimento da concessão, de 35 anos. A concepção é da Santec Empreendimentos, em parceria com a Universidade Fumec, que assumiria 800 vagas do estacionamento e cumpriria pendência junto à prefeitura; a Associação de Comerciantes do Mercado Distrital do Cruzeiro (Acomec); e a Associação dos Moradores do Bairro Anchieta (Amoran), vizinho ao Cruzeiro, na época do PMI, única entidade de moradores na região

0 comentários: