No dia 24 de agosto aconteceu a Audiência Pública convocada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), para discutir a “venda” da Rua Musas e a implantação, no local, de um hotel das empresas Mais Investe/Verga/Tenco. Cerca de 100 pessoas atenderam à convocação, dentre os moradores e representantes de associações dos bairros Santa Lúcia, Belvedere, Sion e Vale dos Cristais (Nova Lima), bem como estiveram presentes o deputado Fred Costa, o vereador Iran Barbosa e a arquiteta Cláudia Pires, Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil. Destaque-se que também os líderes do Movimento “Salve a Mata do Planalto” vieram manifestar sua solidariedade à nossa causa.
O relatório de impacto ambiental apresentado pelas empresas foi rebatido, sua inconsistência ficando patente. Ficou claro também que o Prefeito Márcio Lacerda decidiu, neste caso, agir não em nome do interesse público, mas como se fosse “sócio” do empreendimento. É escandaloso como vêm sendo atropelados todos os procedimentos de ordem administrativa, legal e política, para atender ao interesse de um único empresário que não visa a mais que seu negócio e ao lucro que dele pretende tirar! Só um exemplo: o projeto apresentado já entende que a Rua Musas pertence ao tal empreiteiro, quando nada quanto a isso foi ainda decidido! É como se alguém pedisse à Prefeitura autorização para fazer uma casa num terreno alheio e tivesse seu pleito atendido. Então, a pergunta que não quer calar: por que essa proteção ostensiva?
Todas as manifestações, dos moradores da região, políticos e representantes de entidades, foram enfaticamente contrárias ao empreendimento, pois ele só traz malefícios de ordem ambiental e social não só para seu entorno, mas para toda a região metropolitana de Belo Horizonte. Em vista desse impacto, que ultrapassa as fronteiras da capital, e das características do local, na área de preservação da Serra do Curral e a 500 metros da Reserva Ecológica do Cercadinho, frisou-se que não cabe ao COMAM a apreciação do assunto, o órgão competente sendo o Conselho Estadual de Meio Ambiente (COPAM). Não é questão de opinião: está na lei.
A bem da verdade, cabe uma nota tristemente curiosa: dentre todos os que se manifestaram, a única voz destoante ficou por conta da figura da vereadora Elaine Matozinhos, que é moradora do Santa Lúcia mas parece não se interessar pelo local. Pois não é que declarou ela que vem, por sua conta própria, “negociando” com o dono do negócio? Ela troca seu apoio à construção do hotel pela instalação de um sistema de “olho vivo”, especialmente na rua onde mora. O caso chega a ser cômico por vários motivos: em primeiro lugar, ela própria se atribuiu esse papel, sem a delegação de ninguém; em segundo lugar, ela concorda em entregar ao empresário um patrimônio público – a Rua Musas –, em troca de esmolas; enfim, mesmo sendo vereadora, ela não sabe que a cidade não depende da boa vontade de empreiteiros, pois o cidadão que paga imposto tem direito a todos os benefícios que devem ser providenciados pelo poder público, sem esse joguinho velho de toma-lá dá-cá, que, afinal, todos sabemos bem no que acaba por dar...
Dá para acreditar? Como dizia Heródoto que os olhos são mais críveis que os ouvidos, confira com os seus próprios: http://www.youtube.com/watch?v=EyaQCRk04-s
Outras cenas da Audiência e outras informações serão postadas no site www.salveamusas.com.br.
Em nome do Movimento “Salve a Musas”, agradecemos o constante apoio de todos – especialmente dos integrantes do Movimento “Salve a Mata do Planalto”, os quais, como nós, lutam para que nossa cidade continue a ser esse “belo horizonte” em que (ainda) dá prazer de viver, mesmo contra a vontade da atual administração municipal e seus amigos.
Jacintho Lins Brandão é professor e morador da Rua Musas.
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